sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pane - Aconteceu comigo

O fato de estar escrevendo essas linhas, tranquilo, de banho tomado, ultraleve inteiro no hangar, sem mais bravatas pra contar, senão um voo planado, fazem parecer que não foi nada, mas poderia ter sido.
Na tarde de hoje(28), estava de folga e pra variar fui pro aeroporto, gasolina misturada, vento de uns 15 bem alinhado com a pista, decolo. Uma camada a 3800 ft me convidava a subir, demora um pouco mas sobe.
Estamos, como já devo ter dito, a 3200 ft de altitude, então hj fui relativamente alto com o Foquinho, lambendo os 7000 ft, a subida aconteceu em vários degraus, mas chegamos lá, ahh! Encontrei um quarteto de urubus contornando o topo das nuvens, uns cumulus que esparssamente estavam  flutuando sobre o céu de Vacaria.

Afastei umas 8 milhas, na volta, reduzi um pouco minha altitude e  continuei brincando de voar entre as nuvens. Olho no combustível, ok, CHT, ok também, já estamos chegando em casa, na vertical do aeroporto estou a 6000ft, resolvo dar mais uma volta sobre a cidade, quase um mapa lá em baixo, ela é pequena  e isso ajuda! (risos) na volta, cruzo a pista, reduzo o motor, reduzo mais, e mais um pouco, nem lembro direito mas deve ter ficado nuns 2500 rpm, quando de repente o motor apaga.
As três primeiras coisa que fiz foram:
1. Disse em voz baixa:  Puta que pariu!
2. Pensei: Vou quebrar meu ultraleve.
3. Filmo tanta porcaria e tô sem minha câmera.
Tentei dar a partida umas quatro vezes e nada, resolvi então cuidar da pilotagem, sempre voo relativamente baixo, mas nesse dia, como disse e não sei por que, estava alto, bem alto.
Bom vamos lá, apesar de não ser nada demais, como alguns possam pensar, pousar sem motor é uma coisa meio....meio...silenciosa! Bom vamos voar, nariz em baixo, bem embaixo pra manter 60 mph, pra manter essa velocidade sem motor, a ponta da asa em relação ao horizonte fica nuns 45°, compensador todo picado, faço uma espiral, na segunda alongo um pouco mais e venho pra pouso, simples assim, Éééé...não tem mais o que dizer, medo? Capaz! ultralevizinho plenamente comandável,  receio sim, não sei bem de que, se me perguntarem como foi, como é ficar sem motor, vou dizer: sei lá....estranho.

Ahhh!!! Querem saber o  que foi? Acho que alguma coisa relacionada a combustível, bomba, pouco combustível, ainda tinha uns 5 dedos em cada tanque, deve ter uns 10 metros de mangueira, que vai na perinha, que vai na bomba elétrica, que sobe dos tanques, pelos pescadores,  que desce pra de baixo do trem principal, que passa no filtro, que sobe pra bomba de combustível que vai enfim...pros carburadores, vou dar um jeito nisso tudo, vai ser:  Tanque, perinha, bomba, carburador, quero sumir com esses pescadores também, vou fazer como no outro FOX que tinha, pegar o combustível por baixo dos tanques, outra coisa que pode ter sido, ( e se alguém souber de alguma coisa) foi o fato de eu ter tirado potência demais na descida, sei lá vou ver isso também.
Uma senhora, que mora na cabeceira, tomava um chimarrão na varanda de sua casa, que observei bem, deve ter pensado: Nossa como esse aviãozinho é silencioso! No solo, pensando em sei lá o que, observei que a linha de combustível depois do filtro, que fica logo depois dos tanques, estava vazia, umas bombadas na perinha, umas sopradas nos carburadores, motor funcionando e taxiei até o hangar.
Nessa fui abençoado com altura e uma pista em baixo, Sorte 2 x 0 Azar.
Moral da história
Não basta ser bom piloto, é preciso ter sorte.
Se acontecer contigo, sinta como se alguém pegasse forte em suas mãos, te olhasse firme nos olhos e te desejasse a mais profunda sorte, que tudo de certo no pouso iminente. 


2 comentários:

  1. Pois que aventura, não tentaste dar start no motor quando morreu....
    Quanto mais alto melhor e assim no mundo da aviação em falha de motor!..



    Paulo Olim
    Asas Madeira

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  2. parabéns!!!! tambem passei por isso....a "gente" depois disso se sente um herói...

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